sábado, 11 de agosto de 2012

América vai jogar em Pernambuco.

Com o final do prazo dado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e a impossibilidade da Prefeitura de Goianinha promover as obras de ampliação do estádio Nazarenão, o presidente do América, Alex Padang, anunciou que o clube passará a mandar seus jogos pela série B, no estádio Luís José Lacerda (Larcerdão), em Caruaru/PE. Durante a entrevista coletiva, o dirigente relembrou os fatos, criticou a diretoria do ABC a quem acusa de desrespeitar a direção americana, aos descumprir um acordo firmado entre os clubes e mais o governo do estado. Com olhos cheios de lágrimas e ressentido com o fato, Padang afirmou que o clube está sendo expulso do RN e que é vitima do descaso das autoridades potiguares com o futebol local.
Alberto LeandroAlex Padang, presidente do América, responsabilizou o presidente Rubens Guilherme, do ABC e também o conselheiro Paiva TorresAlex Padang, presidente do América, responsabilizou o presidente Rubens Guilherme, do ABC e também o conselheiro Paiva Torres

"Espero realmente que Natal receba as melhorias prometidas com a vinda da Copa do Mundo. Em todos as outras sub-sedes, os clubes que foram atingidos igualmente pelos projetos do Mundial como o América, tiveram soluções para os seus casos, com intervenção do governo ou não. Só aqui que não foi feito nada pensando no nosso próprio futebol", afirmou.

O dirigente antes de abrir espaço para as perguntas, fez um relato completo de toda situação, citando vários tipos de encontros, com os dirigentes do ABC. Inclusive relatando o último, ocorrido na quarta-feira, onde o assunto aluguel do Frasqueirão foi novamente tratado. Ele disse que nesse encontro escutou de Paiva Torres, um dos representantes do ABC na reunião, um ponto que taxou como extremamente desagradável.

"Nós estávamos acertando as questões, queria pressa na resposta do ABC quando ele virou pra mim e disse: calma rapaz, você é muito apressado. Alex vamos tentar tirar proveito da situação, nós temos de tirar o máximo de dinheiro possível do governo e da CBF", relatou Padang, salientado que retrucou o dirigente do co-irmão. "Que isso Paiva! Isso é chantagem. Nem o governo tem mais dinheiro e nem a CBF vai aceitar ser chantageada dessa forma. Eu além de não fazer esse tipo de chantagem, tirar proveito da situação, tenho de ser grato a ela que agiu da forma mais correta com a instituição América". 

Após o último encontro e com a novas promessas de Paiva Torres e o presidente abecedista Rubens Guilherme, ele disse que deixou o encontro certo de que a situação estava resolvida e que o América poderia mesmo passar a mandar seus jogos no Frasqueirão. Sem recursos disponíveis, ele prometeu repassar a verba de R$ 300 mil que seria repassada pelo governo do estado e dava ao ABC ainda os 10% da arrecadação do América nos nove jogos.

"Para minha surpresa, eu que estava esperando a minuta do contrato de aluguel, recebi um telefonema de Paulinho Freire, dizendo que havia falado com Augusto Azevedo e na oportunidade teria sido informado que o ABC não alugaria o estádio ao América", relatou. "Liguei para Paiva na mesma hora para reclamar, porque eles estavam tratando do negócio comigo e tinham de ter dado a resposta a mim. Disse que mais uma vez eles estavam fazendo a coisa errada".

A opção por Caruaru, segundo o presidente do América, é porque  o estádio Lacerdão ficará à disposição do América para os treinos de apronto, antes de cada partida. Apesar de ficar 120Km mais distante que Recife, foi considerada uma boa opção. O fato foi comunicado ao treinador Roberto Fernandes que vai não estádio verificar as condições do campo. O presidente da Federação Pernambucana de Futebol, Evando Carvalho, também nos deixou disponíveis os três estádios dos clubes de Recife, mas neste caso para jogos esporádicos.

Por fim, o presidente do América, Alex Padang, fez um agradecimento especial ao prefeito de Goianinha, Júnior Rocha, que não mediu esforços para abrigar o América neste período e advertiu a responsáveis pelo governo estadual que olhem com carinho para o esporte local e evite passar a mesma vergonha no próximo ano, investindo na conclusão do estádio de Nísia Floresta, para que o mesmo seja construído para servir como estádio alternativo tanto para América, quanto para o Alecrim. 

Dirigente afirma que ABC teria prejuízo alugando o estádio

O ABC afirmou que teria um prejuízo que poderia chegar aos R$ 2 milhões, caso alugasse o estádio Frasqueirão ao América. O fato foi revelado em entrevista coletiva no final da tarde de ontem, aonde estavam presentes o presidente alvinegro, Rubens Guilherme Dantas e o conselheiro Paiva Torres, citados na coletiva do mandatário alvirrubro, Alex Padang. "Se o acordo tivesse sido fechado, o ABC poderia ter prejuízos na casa dos R$ 2 milhões, levando em consideração a resposta negativa da nossa torcida, que poderia cancelar seus sócios torcedores, deixar de comparecer ao Frasqueirão em dias de jogos. Por isso que teríamos que ter um suporte financeiro bom e não apenas o que foi oferecido pelo América", revelou Paiva Torres.

O presidente Rubens Guilherme Dantas confirmou que participou de reuniões com o mandatário alvirrubro, mas, segundo ele, por educação. "O ABC, por educação, nunca se furtou de participar de nenhuma reunião. Quero aqui agradecer ao deputado federal Henrique Eduardo Alves, ao Ministro Garibaldi Alves Filho e a deputada federal Fátima Bezerra. Todos eles sempre batalharam para ajudar no crescimento do esporte no Rio Grande do Norte", disse Dantas.

O conselheiro abecedista disse que não pretende entrar na justiça contra Alex Padang, sobre as acusações feitas. "Não penso em entrar na justiça por conta dessas inverdades. Alex Padang ainda é jovem, tem idade para ser meu filho. O que foi dito por ele, não merece nenhum tipo de resposta. O tempo vai fazer dele um homem mais ponderado", contemporizou.

Mas, de acordo com Rubens Guilherme, depois de tudo o que foi dito, o ABC vai pedir ao Ministério Público que os clássico sejam apenas com a torcida mandante e também adiantou que vai solicitar proteção extra da polícia, para os jogadores e dirigentes alvinegros para o clássico do próximo dia 25 de agosto, no Nazarenão.

Governo reprova postura adotada pelo alvirrubro

O governo do Estado, através de sua assessoria de comunicação, fez questão de explicar algumas declaração e críticas feitas pelo presidente do América, Alex Padang, em coletiva realizada na manhã de ontem, a cerca de atual situação do clube, que vai ter que mandar seus jogos pelo segundo turno do campeonato brasileiro da série B, no estado de Pernambuco. "Desde quando o Brasil foi escolhido como sede da Copa do Mundo de 2014, e foram escolhidas as cidades-sedes, que todos sabiam que essas cidades, iriam passar por mudanças para abrigar os jogos das seleções. Algumas se preparam. Outras não.  Parece que houve uma letargia entre os anos de 2009 e 2010, que as pessoas não atentaram para o que iria acontecer, afirmou o secretário de comunicação estadual, Alexandre Mulatinho.

O secretário citou ainda algumas cidades que se anteciparam e evitaram que seus clubes sofressem sem uma praça esportiva, casos de Minas Gerais e Rio de Janeiro. "Em Belo Horizonte, os clubes, Cruzeiro e Atlético, em parceria com o governo mineiro, foram atrás de uma solução bem antes e conseguiram viabilizar o estádio Independência, que fica fora da capital, para mandar seus jogos, já que o Mineirão está em obras. No Rio de Janeiro, com a reforma do Maracanã, Flamengo e Fluminense, chegaram a um acordo com o Botafogo, proprietário do Engenhão e estão mandando seus jogos lá", relembrou Mulatinho, que fez questão de revelar as propostas do governo potiguar em solucionar esse problema.

"O governo participou, efetivamente, na busca por soluções. Primeiro, tentamos viabilizar o estádio Juvenal Lamartine, no bairro do Tirol. Mas, vimos que era inviável. Depois, investimos 294 mil reais no Nazarenão, em parceria com a prefeitura de Goianinha, para a instalação das torres".

Artigo

Quem ganhará?

Itamar Ciríaco - Editor de Esportes

O movimento Bahiadoc, criado para estimular a cooperação na produção artística baiana tem um conceito quase perfeito para ser aplicado ao episódio do América jogando em Pernambuco. "Competição é quando todos perdem para alguém ganhar. Colaboração é quando todos ganham para ninguém perder!"

Quando eu falo em "quase perfeito" me refiro ao fato de que o primeiro trecho do período não cabe na crise americana por estar sem estádio. No caso em tela, todos perdem e ninguém vence.

É como se fosse uma espécie de guerra nuclear. Quem seria o vencedor de uma batalha atômica? A resposta é evidente: Ninguém. Morreríamos todos, sucumbiríamos todos, de uma forma ou de outra, mais cedo ou mais tarde.

Desafio a qualquer um que me mostre quem saiu ganhando com esse espetáculo de péssimo gosto. Impossível surgirem teorias capazes de explicar um ganho que seja racional no fato de um dos principais clubes potiguares ter que jogar no Estado vizinho.

Impossível também é não constatar que nesse caso as falhas existiram em todos os níveis. O América, como entidade privada e com administração própria já sabia que, com a demolição do estádio Machadão, o seu destino estaria em jogo. Nunca deve-se colocar o seu futuro nas mãos dos outros. Diante dos fatos, o Alvirrubro há muito deveria ter tomado, por si próprio, suas providências. 

O ABC, se não tinha interesse em locar seu estádio, que tornasse isso público e definitivo desdes as primeiras notícias. 

O Estado do Rio Grande do Norte que informasse desde o acerto para construção da Arena das Dunas, da impossibilidade de reforma ou construção de um estádio alternativo. 

A prefeitura de Goianinha que estivesse em dia com suas obrigações para que pudesse receber as verbas federais já aprovadas para reforma do Nazarenão.

Diante disso, voltamos a frase do Bahiadoc transcrita no início deste artigo. Mais especificamente ao segundo período. "Colaboração é quando todos ganham para ninguém perder!".

Pois se faltou colaboração sobraram derrotados nesse caso. Perde o América, a FNF, o Estado, a economia, a mídia, a paz, o futebol potiguar e, principalmente o maior e mais importante: o torcedor.

Ou seja, em nome de paixões amadoras, de atitudes infantis, os dirigentes do nosso futebol não tomaram providências para evitar que chegássemos a esse ponto. Em nome de amores desavisados e ações sem nexo os nossos cartolas não tiveram competência para resolver uma espécie de morte anunciada.

Agora, como ficamos? A rivalidade saudável perderá espaço para o acirramento inútil, para riscos desnecessários, para brigas imbecis e infrutíferas. Ficamos mal pois ninguém quis assumir a boa luta, aquela na qual todos juntos vencem e não existem perdedores. E essa derrota, como todas, virá acompanhada de uma conta. Quem irá pagar só o tempo poderá nos responder.